TV Digital: e daí?

Chegou a TV Digital em Porto Alegre. Terça passada, estive na cerimônia oficial da RBS, que contou com a presença de figuraças tipo o Ministro da Linha Direta Helio Costa, a governadora Yeda Crusius e todos os grandões da RBS (a Globo do Sul). O convescote também contou com a presença do vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o presidente da Câmara de Vereadores, o prefeito em exercício, o presidente da Assembléia Legistlativa, donos de agência, diretores e gerentes da área de mídia de agência (que é como eu fui parar lá), gente do jornalismo em geral, empresariado local de porte, champanhes caros, muito terno e gravata, água com gás e sem gás, coca-cola, guaraná, canapés incríveis com queijos excelentes, figo com cream cheese, garçons atenciosos e uma tv digital portátil de brinde no final (essa aí da foto).

O clima era ao mesmo tempo solene e de confraternização entre parceiros, com o Nelson Syrotski (presidente da RBS) e o João Roberto Marinho discursando no nível “turma de amigos”, relembrando em seus discursos os sonhos de seus pais no mundo da telecomunicação como quem lembra papo de churrasco. Até o Ministro Hélio Costa entrou na batida “meu querido diário” ao recordar a primeira vez que veio a Porto Alegre, convidado pelo fundador da RBS, Mauricio Syrotski Sobrinho, pra entrevistar o Sammy Davis Jr. na festa de 25 anos do grupo.

Para nós, gaúchos, sempre sedentos de atenção e de reconhecimento, ainda foi levantado um outro ponto emblemático em uma das falas: foi aqui a primeira transmissão pública da televisão colorida foi em 1972, em Caxias do Sul, durante a Festa da Uva, que anos depois viria a se tornar palco de um dos mais célebres vídeos virais, o do choque do Lasier. Você vê, então, como tudo está interligado e como o Rio Grande do Sul é importante na vida da TV brasileira!

Mas a grande questão é: e daí? O que nós vamos ganhar com isso? A TV Digital é mesmo essa maravilha? Era o que faltava pra virarmos os Jetsons? Depois de quatro palestras (ainda assisti mais uma ontem) e uma cerimônia oficial, fiz uma série de anotações a respeito do assunto. Não espere entender tudo de TV Digital com esse post pq eu não sou enciclopédia. Você pode encontrar informações mais técnicas aqui ou aqui.  Vamos à minha especialidade: palpitaria.

1) A TV Digital é irreversível

Embora seja tentador derramar sarcasmo em cima de toda essa onda, não estamos falando de uma modinha. A TV digital será o novo padrão de transmissão até 2016. A transição vai ser lenta e capenga, mas vai acontecer. Se fosse há alguns anos, eu não acreditaria que isso seria possível no Brasil. Mas lembre-se que existe toda uma indústria a fim de vender TVs e conversores. E que o DVD que custava 800 reais há alguns anos hoje chegou a 100. E que tem muita gente com Pentium em casa, um equipamento de ponta há 5 anos.

2) Gratuidade

Sim, os aparelhos de TV com conversor embutido ainda custam uma fortuna. Mas já tem conversores a 300 reais, o que custa cerca de 8 meses do pacote básico da NET, que oferece apenas TV aberta. Some-se a isso que a maior audiência da TV a cabo são os canais abertos, o fato de muita gente ainda assistir TV com fantasma ou depender de antena externa e pronto: temos aí um interessante mercado latente.

3) Mobilidade

Acredito que um dos primeiros grandes movimentos de penetração da TV digital vai ser a mobilidade comercial. Cuma? Empresas de mídia out-of-home instalando TVs com recepção digital em ônibus, por exemplo, com patrocínio acoplado ao redor do aparelho (não vão poder interferir na programação da TV colocando outros comerciais, provavelmente).

4) Portabilidade

Aqui temos duas possibilidades. Os telefones celulares com recepção digital e os aparelhos portáteis de TV como os que a RBS distribuir aos convidados da festa.

No primeiro caso, a massificação vai depender dos planos das operadoras. A fidelidade à operadora provavelmente vai ditar a possibilidade de ter um celular com TV digital a preços irrisórios, uma vez que a operadora não recebe por transmissão de dados como acontece na rede 3G – e na Inglaterra, por exemplo, onde a rede de telefonia móvel é utilizada para a transmissão. Ou seja, lá você sempre paga por volume de dados quando assiste TV no celular. A alternativa é criar o hábito de assistir tv no celular com a TV aberta gratuita e depois oferecer programação alternativa no 3G (seriados, filmes, etc).

No segundo caso, dos aparelhinhos portáteis, acredito que o grande fator de massificação será a pirataria. A menos que a indústria ofereça peças bem baratas, os vigias entediados nas suas casinhas vão correndo no camelô substituir seu radinho de pilha por uma TVzinha digital. E o número de assaltos a empresas e residências vai crescer, porque eles vão estar  mais distraídos.

(continua amanhã)

4 comentários em “TV Digital: e daí?

  1. “E o número de assaltos a empresas e residências vai crescer, porque eles vão estar mais distraídos.”

    hahaha, muito bom.

    eu tava lendo aqui seu post e me deu um clique:
    a questão é, como fazer propaganda na TV DigitaL?
    pensei no seguinte que tinha comentado com um amigo meu:

    MTV de hoje, saca?
    eu não tenho MTV, mas meu amigo tem, e tu vê só vinhetinhas da MTV ou peçasmuitolegais das casas Bahia(pelo que me lembro)

    não sei se to certo quanto ao controle da TV, mas achq a coisa vai ser assim, do contrário, vamo ter que botar pinico na sala, pq sem os breaks do filme, como que tu vai no banheiro.
    😛
    é +- issae.

  2. “E o número de assaltos a empresas e residências vai crescer, porque eles vão estar mais distraídos.”

    hahaha, muito bom.

    eu tava lendo aqui seu post e me deu um clique:
    a questão é, como fazer propaganda na TV DigitaL?
    pensei no seguinte que tinha comentado com um amigo meu:

    MTV de hoje, saca?
    eu não tenho MTV, mas meu amigo tem, e tu vê só vinhetinhas da MTV ou peçasmuitolegais das casas Bahia(pelo que me lembro)

    não sei se to certo quanto ao controle da TV, mas achq a coisa vai ser assim, do contrário, vamo ter que botar pinico na sala, pq sem os breaks do filme, como que tu vai no banheiro.
    😛
    é +- issae.

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